Atenção para cuidados com a saúde masculina

Saúde Masculina.

Publicado em Entrevista & Opinião no dia 21/07/2017

O homem vive em média sete anos a menos que a mulher. A cada três mortes de adulto, duas são de homens. Segundo dados do Sistema de Informação de Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde, na faixa de 20 a 59 anos, os homens morrem mais por causas externas, como acidentes de trânsito, acidentes de trabalho e lesões por violência.

O segundo motivo de morte entre homens nesta faixa etária são as doenças do aparelho circulatório, seguida das neoplasias. Comemorado neste sábado, o Dia Internacional do Homem traz para o debate os cuidados com a saúde masculina no país.

Atualmente no Brasil 18% dos homens brasileiros são obesos e 57% apresentam sobrepeso. Com relação ao tabagismo, 12,7% fumam e sobre doenças crônicas, 7,8% dos homens têm diabetes e 23,6% têm hipertensão. Vinte e sete por cento dos homens consomem bebida alcóolica abusivamente e 12,9% dirigem após beber. 

Os dados fazem parte do Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), realizado anualmente pelo governo federal.

Mitos

O homem adoece menos que a mulher?

Para o subcoordenador do serviço de urologia do Hospital de Clínicas da Universidade de Federal de Minas Gerais (HC-UFMG), Augusto Barbosa Reis, este é o principal mito em relação à saúde masculina.” Segundo esse mito, ele acredita que se procurar um médico, vai achar uma doença. Na prática, ele vai evitar uma doença por conta das orientações e vai se tratar para que o problema não se agrave”, diz Reis. “Há falta de procura médica por medo associada à falta de informação, por acreditar que não adoece e quando, de fato, adoece, não encontra horário adequado ao período de trabalho”.

Para o médico, o fato de a mulher buscar mais auxílio médico ajudou a construir o mito.

Quais são as causas de infertilidade da população?

Segundo Reis, o homem é responsável por metade dos casos em que há dificuldade na concepção e em, geral, atribui o problema diretamente à parceira. “Ele coloca a responsabilidade sobre a dificuldade em conceber uma gestação na parceira, e adia a sua investigação. Com isso, o tempo vai passando e a idade pode ser um fator negativo para se alcançar uma gravidez”, explica.

Câncer de próstata

Há protocolos internacionais que definam o auto cuidado para o câncer de próstata como há para a doença na mama?

O urologista e conselheiro do Conselho Federal de Medicina (CFM) Lúcio Flávio Gonzaga destaca que ainda não há. “O que temos são dados atestando que a procura espontânea do homem pela prevenção e esse rastreamento espontâneo impactam diretamente no índice de cura e diminui o índice de mortalidade”. A recomendação médica é que o homem, a partir dos 50 anos, comece a fazer exames de prevenção, verificando as taxas do Antígeno Prostático Específico (PSA), uma substância produzida pelas células da glândula da próstata, além do toque retal. O médico ressalta que pacientes com histórico de câncer de próstata na família, devem procurar um especialista a partir dos 45 anos. “É constrangedor, mas depois que o paciente faz ele se sente mais seguro. O exame retal não identifica apenas o câncer de próstata, mas o de reto, que é prevalente na mesma idade e é muito mais mortal”, aponta. “É importante desmistificar esse assunto”.

Sexualidade

Qual é o primeiro sinal de que o homem está apresentando alguma doença cardiovascular?

“A disfunção erétil, está associada ao diabetes mellitus, à hipertensão arterial e obesidade, a impotência sexual atinge, em alguma medida, quase todos os homens depois dos 40 anos. Atualmente ela é considerada um importante marcador de doenças cardiovasculares, como infarto do miocárdio e acidente vascular cerebral”, afirma.

Outro aspecto são as doenças sexualmente transmissíveis. Tem ocorrido um aumento de casos no país. Oque tem a dizer a respeito?

“O que nos chama atenção é que o jovem tem informação sobre as doenças sexualmente transmissíveis, o que falta é atitude com relação ao uso do preservativo. Uma das fórmulas de estimular essa atitude é a consulta médica, onde ele vai ser exposto aos benefícios em aderir ao uso do preservativo”, avalia Gonzaga. Além dos jovens, o número de doenças sexualmente transmissíveis têm crescido no país entre homens idosos.

Segundo o Conselho Federal de Medicina (CFM), os casos de sífilis entre jovens (15-29 anos) cresceu 5.860% entre 2010 e 2015 (477 casos para 28.432). Dados do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (Unaids) também apontaram no ano passado que, entre adultos brasileiros, os novos casos subiram 18,91% em 15 anos – eram 37 mil em 2000. O estudo indicou que, em 2015, 830 mil pessoas viviam com a doença no país, provocando 15 mil mortes por ano.

Prevenção precoce

Como a parceira pode ajudar?

“Comigo, acontece ambas as situações. Algumas vezes, procuro por conta própria e outras por indução da minha esposa. Na maioria das vezes, postergo a ida ao médico, deixando para ir somente quando os sintomas ficam bem mais graves. No meu ponto de vista, isso só piora a recuperação”, afirma. Ele destaca que a prevenção de doenças está no seu cuidado em ter uma dieta balanceada, acompanhada por nutricionista, além de atividades físicas. “Pratico exercícios físicos três vezes na semana. Sempre que possível, durmo, no mínimo, seis a sete horas por noite. Além disso, faço exames de check-up periódicos”, conta.

Fonte: JORNAL NH

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