14/06/2017 | Fonte: Sociedade Nacional de Agricultura / Globo Rural

Estudo constata baixo uso e ineficiência de ferrovias, hidrovias e rodovias

Estudo constata baixo uso e ineficiência de ferrovias, hidrovias e rodovias
Foto: CNI

Seja por rodovia, ferrovia ou hidrovia, o Brasil perde (muito) tempo, dinheiro e competitividade no mercado internacional. Um estudo elaborado pela Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) analisa a situação da infraestrutura de transporte da produção e lista todos os desafios do país nessa área. O diagnóstico, que inclui ainda a capacidade de armazenamento e o transporte de cabotagem, resultou em 24 páginas, que foi entregue ao presidente Michel Temer no final de março. A reportagem de Globo Rural teve acesso ao documento, que traça as possíveis soluções para cada modal, além de comparar os custos de implantação e manutenção de rodovias, ferrovias e hidrovias.

Entre as maiores constatações está a baixa capacidade do país em analisar, planejar e propor soluções a médio e longo prazo, além da limitação de investimento em infraestrutura. Nos últimos dez anos, o Brasil investiu em sua infraestrutura valor equivalente a 0,6% do Produto Interno Bruto (PIB), enquanto que outros países exportadores do grupo dos Brics, como China, Índia e Rússia, investiram cerca de 10%, 8% e 7%, respectivamente, destaca o relatório.

“As dificuldades que postergam os investimentos em infraestrutura não são oriundas, somente, da escassez de recursos financeiros públicos. Há que se considerar fatores como insegurança jurídica (ajustes frequentes nos marcos regulatórios e legislação complexa), projetos e contratos mal elaborados, que elevam os custos das obras, licenças ambientais (Ibama, consulta à Funai, Iphan, etc.) e dificuldades nas desapropriações,” indica um trecho do relatório.

A expansão da produção agrícola no Centro-Oeste e no Norte na última década fez o País ganhar mercado mundo afora, mas também se gastou uma fortuna com o transporte das mercadorias entre fazendas e portos de saída. Isso porque a única alternativa para escoamento em longas distâncias é pelo modal mais caro. “Em 2003, nossa distância média do campo ao porto era de 500 quilômetros. Mas, nos últimos dez anos, passamos a ter predominância de Mato Grosso, Goiás, Tocantins, Bahia e outros Estados acima do Paralelo 16. E tudo isso ficou a dois mil quilômetros de distância. O custo médio explodiu”, disse Luiz Antônio Fayet, consultor de logística da CNA.

Os dados compilados no estudo mostram que atualmente cerca de 58% da produção de soja e milho, as duas principais commodities agrícolas produzidas pelo Brasil, fica acima do Paralelo 16. O volume, superior a 104 milhões de toneladas, cresceu 87% somente entre 2009 e 2015.

Atualmente, as rodovias brasileiras representam 61% da matriz do transporte nacional, enquanto ferrovias detêm 21% e hidrovias 14%. Nos Estados Unidos, as hidrovias dominam a matriz de transporte, com 43%, já as rodovias representam 13%, mesmo percentual de ferrovias. Sobre as rodovias brasileiras, ainda há um agravante: “O país conta com 1.72 milhão de quilômetros de rodovias federais, estaduais e municipais, das quais apenas 12,2% são pavimentadas, e elas estão situadas, em sua maioria, nas regiões Sul e Sudeste do Brasil.

Esse percentual é 18 vezes menor que nos EUA e 14 vezes menor que na China”. Sem contar que o estado de conservação das estradas brasileiras ainda ajuda o país a figurar na 123ª colocação no ranking mundial de competitividade.

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