19/12/2017 | Fonte: Folha de São Paulo

Currículo novo não basta para ensino melhorar, afirma gestora americana

Estado norte-americano com renda per capita abaixo da média daquele país, Louisiana tem chamado atenção pelos avanços em seus indicadores educacionais.

O Estado alcançou o maior avanço na 4ª série no último exame nacional em leitura; em matemática, o segundo maior crescimento (em ambas as matérias, porém, segue abaixo da média).

Uma das chaves apontadas para esse desempenho foi uma reforma no sistema educacional tendo como base novos padrões para aprendizagem e novos currículos.

Esses documentos passaram a nortear escolha de materiais didáticos, formação de professores e avaliação.

Foto: UNICID

A mudança começou em 2010, quando organização que representa os Estados lançou documento que estabeleceu o que cada aluno deveria saber, em cada série, do ensino infantil ao médio (programa chamado "Common Core", o núcleo comum).

A adoção de política semelhante está em curso no Brasil, com a Base Nacional Comum Curricular. A versão final brasileira foi aprovada nesta sexta-feira (15) e aguarda homologação do Ministério da Educação.

Como nos EUA, a ideia é que o documento sirva como diretriz para definir o que os alunos devem aprender.

Cada Estado define então como implementá-la e as estratégias a serem usadas para que os alunos aprendam o que se espera (o currículo).

O caso da Louisiana, mesmo visto como de sucesso nos EUA, mostra o quão difícil é a implementação de tal política. Se os alunos da 4ª série melhoraram, os da 8ª obtiveram notas menores (seguindo um padrão nacional).

O próprio Common Core, sete anos após o lançamento, foi abandonado por ao menos 8 dos 45 Estados que o adotaram inicialmente.

Áreas republicanas passaram a ver a iniciativa excessivamente atrelada ao então presidente democrata Barack Obama. Em alguns Estados, como Nova York, a implementação foi acelerada e passou a sofrer resistência de professores e alunos.

Em Louisiana, o Common Core sobrevive. Estudo da ONG Rand mostrou que professores do Estado são os que mais alinharam suas atividades ao núcleo comum.

No fim de outubro, o Movimento pela Base, organização privada que defende a Base Nacional brasileira, trouxe para São Paulo a gestora responsável pela área pedagógica do Departamento de Educação da Louisiana. Rebecca Kockler, 36, falou com professores e gestores sobre a implementação do currículo.

Voltar