15/12/2013 | Fonte: Fórum Brasileiro de Economia Solidária

70% dos pobres do mundo são mulheres

Informações do relatório "A armadilha do gênero - Mulheres, violência e pobreza" e dados da Organização das Nações Unidas (ONU) revelam que mais de 70% das pessoas que vivem em situação de pobreza são mulheres. A Anistia Internacional do Uruguai foi quem divulgou o relatório, no último dia 11 de março. Na oportunidade, foram discutidas as atividades realizadas nos seis anos da campanha "Não mais violência contra as mulheres" e divulgada a nova ação: "Exige Dignidade".

A resposta do porquê deste fato, se as mulheres são a metade da população mundial é discriminação. Segundo a Anistia, este é um dos principais fatores que explicam a pobreza feminina. "Em alguns países, a discriminação contra as mulheres impregna na legislação e, em outros, esta discriminação persiste apesar da adoção de leis de igualdade", afirma o relatório.

Meios de produção
Isso pode ser constatado com uma simples comparação entre os benefícios que os homens e as mulheres recebem. De acordo com o estudo da Anistia, o acesso a recursos e meios de produção como terra, crédito e herança, por exemplo, não é igual para os dois sexos. Da mesma forma, em média, as mulheres recebem salários mais baixos e, muitas vezes, o trabalho nem sequer é remunerado. "As mulheres, com frequencia, trabalham em atividades informais, sem segurança de emprego nem proteção social. Ao mesmo tempo, seguem responsabilizando-as do cuidado da família e do lar", lembra.

Vale ressaltar que as mulheres não sofrem apenas com pobreza e discriminação. Segundo o documento da Anistia, elas ainda são as mais afetadas pela violência, pela degradação do meio ambiente, pelas enfermidades e até mesmo pelos conflitos armados.

>> Conheça aqui indicadores relacionados a educação, ocupação formal e gênero na sua cidade

Melhorias apenas para algumas
De acordo com a organização, apesar de algumas conquistas e avanços nas garantias de direitos das mulheres - por exemplo, o reconhecimento de que os direitos delas são direitos humanos -, ainda há muito que ser feito. Para Anistia, o reconhecimento dos direitos das mulheres apenas melhorou a vida de algumas. Por conta disso, considera que os Estados e as instituições internacionais devem ter mais vontade política para garantir tais direitos e para assegurar a igualdade.

Além disso, a organização acredita que as demandas das mulheres precisam ser ouvidas e respeitadas. "A voz das mulheres deve ser escutada. Suas contribuições devem ser reconhecidas e alentadas. A participação ativa das pessoas que se vêem afetadas é um elemento essencial de qualquer estratégia de luta contra a pobreza", afirma.

Novos valores para a socidade
Segundo a intelectual feminista Rose Marie Muraro, que proferiu palestra em Curitiba, na última quarta-feira, durante o ‘Seminário Desafios de Sustentabilidade em Equidade de Gênero no Terceiro Milênio, a economia solidária pode amenizar a extrema desigualdade que hoje se observa no mundo e que o está consumindo. "As mulheres não devem imitar os homens ou tomar para si seus valores, alicerçados nos ciclo da tecnologia e do poder. Temos que assumir nossos valores e procurar aplicar valores femininos como a solidariedade para reverter este ciclo para uma realidade mais justa, solidária e sustentável", disse.

Rose Mari Muraro disse que tem a convicção de que o futuro depende da mudança do dinheiro. "Dinheiro e ética são incompatíveis, pois o dinheiro gera competição, que por sua vez gera extrema riqueza e extrema pobreza", disse ela, defendendo a criação de moedas locais complementares, como fez o Banco Palmas (vencedor da 2.ª Edição do Prêmio ODM Brasil). "É a economia da solidariedade e da partilha. Para isso, a natureza e a inteligência da mulher são fundamentais", afirmou.

> Esta notícia relaciona-se com os objetivos 3 - Igualdade entre Sexos e Valorização da Mulher e 1 - Acabar com a Fome e a Miséria.

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