15/12/2013 | Fonte: Jornal da Cidade de Jundiaí

ONU aponta crescimento da pobreza e desigualdade em Jundiaí

Jundiaí está entre as 433 cidades do país que caminharam em direção contrária aos Objetivos do Milênio (ODM) - metas que foram estabelecidas pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2000 ao analisar os maiores problemas mundiais, que tem entre os objetivos, a erradicação da pobreza.
Na cidade, este índice cresceu 8% de 1991 a 2000 (ano em que foram colhidos os últimos dados sobre o tema) e 3% da população, que equivale a, aproximadamente 12 mil pessoas, estão abaixo da linha da indigência, de acordo com o relatório. Junto disso, aumentou também a desigualdade. Em 2000, a participação dos 20% mais ricos era de 58,63%, 19 vezes mais que a dos 20% mais pobres.
Dona Josefa é um dos números desta estatística desigual. Aos 49 anos, vive com o equivalente a meio salário mínimo em um núcleo de submoradia da cidade. A pouca renda vem através do trabalho de coleta de lixo reciclável, material que é disputado nas ruas com outros vários catadores que têm na atividade uma forma de subsistência.
Outra parcela que também contribui para engrossar esta estatística são os migrantes que chegam à cidade todos os dias. Pelo menos 20, de acordo com o gerente administrativo do SOS, Nilson Roberto Begiato. Segundo ele, a maior parte dessa população já tem um histórico de passagem pela capital, vinda do nordeste à procura de emprego. O trabalho de encaminhamento é feito pelas assistentes sociais da prefeitura, que localizam a família do migrante e providenciam a passagem de volta à terra de origem.
Para se ter uma idéia parcial, a entidade tem uma circulação média de 42 pessoas que vivem abaixo da linha da pobreza todas as noites. "É perceptível o aumento da pobreza até pelo número de atendimentos realizados por nós nos últimos anos", disse.
Para alcançar a meta de redução de 50% da pobreza, a cidade deve ter em 2015, no máximo, um índice de 3,615%. O aumento necessário na renda para as pessoas ultrapassarem a linha da pobreza era de 46,14% em 2000, o que representou aumento de 18% em relação a 1991.
Nesse sentido, o trabalho conjunto de Organizações Não Governamentais (ONGS), associações e governos dos municípios é uma das formas de redução do índice, através da criação de programas assistenciais de geração de renda e emprego, por exemplo. "Não dá para cobrar que os governos federal, estadual e municipal resolvam todos os problemas, aí entra a atuação das pessoas que se sensibilizam com esta situação. Muitas entidades trabalham para amenizar esta desigualdade que existe, mas ainda assim não é o suficiente", disse o jornalista Ari Ribeiro, vice-presidente da Ong Grupo Sol, que há pelo menos 15 anos desenvolve projetos na cidade.
Distante do assistencialismo que dá comida e moradia esporadicamente, a socióloga Márcia Rosa acredita ser preciso desenvolver projetos que dêem condições a estas pessoas de se inserirem na sociedade. "É o famoso ditado: ensinar a pescar ao invés de dar o peixe", disse.

Portal

Estes e outros dados referentes aos 8 Objetivos do Milênio, ou como ficaram conhecidos no Brasil, 8 Jeitos de Mudar o Mundo, estão disponíveis no Portal ODM (www.portalodm.com.br), que foi lançado durante o Fórum Social Mundial em Belém.
O objetivo da divulgação é oferecer dados para que os municípios possam desenvolver políticas públicas em direção ao cumprimento das metas: acabar com a fome e a miséria, educação básica de qualidade para todos, igualdade entre sexos e valorização da mulher, reduzir a mortalidade infantil, melhorar a saúde da gestante, combater a Aids, malária e outras doenças, qualidade de vida e respeito ao meio ambiente e todo mundo trabalhando pelo desenvolvimento. Criado em 2000 ele propõe o alcance destes objetivos até 2015.
Cabe ao município compreender os desafios que lhes são mais pertinentes e até decidir se vai incluir outros dados, traçar outras metas próprias que vão ao encontro das que busca o ODM, explicou um dos responsáveis pelo portal, o coordenador executivo do Núcleo de Apoio a Políticas Públicas Sérgio Andrade. "O portal traz o feijão com arroz para mostrar como os ODM estão e os municípios, para efeitos de planejamento, podem trazer mais indicadores. O Brasil avança na média, mas os problemas locais continuam", acrescenta.
O portal foi desenvolvido pelo Observatório de Indicadores de Sustentabilidade (Orbis), programa Sesi do Paraná, Sistema Fiep e Instituto de Promoção do Desenvolvimento (IPD), sob a coordenação do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e apoio do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), Movimento Nós Podemos Paraná, Núcleo de Apoio a Políticas Públicas (NAPP), Ministério do Planejamento e Secretaria Geral da Presidência da República.

Fonte: Jornal da Cidade de Jundiaí

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